Certa
vez, lendo um texto de Lawrence Sawyer, onde seu neto lhe perguntava sobre sua
profissão, porque não conseguia entender o que seu avô fazia, fiquei me
questionando: se tivesse que explicar para um público leigo, hoje, o que eu
faço, como seria?
Se eu dissesse que minha função é avaliar a existência, cumprimento e qualidade
dos controles internos, certamente daria um nó na cabeça do ouvinte. Com
certeza, "existência", "cumprimento",
"qualidade", "controle" e "internos" seriam
palavras que, separadamente, ele entenderia, mas o que são "controles
internos"?
Se descrevesse a definição de controle interno, constante das Normas
Brasileiras para o Exercício da Auditoria Interna, diria: "Controles
internos devem ser entendidos como qualquer ação tomada pela administração
(assim compreendida tanta a Alta Administração como os níveis gerenciais
apropriados) para aumentar a probabilidade de que os objetivos e metas
estabelecidos sejam atingidos. Essas ações têm a finalidade de conferir
precisão e confiabilidade aos dados contábeis, promover a eficiência
operacional e encorajar a aderência às políticas administrativas
prescritas".
Esta definição, como podemos notar, reconhece que um sistema de controle
interno se estende além dos assuntos que se relacionam diretamente com as
funções da contabilidade e dos departamentos financeiros. Mas isso é técnico
demais, dito assim torna impossível para leigos compreender o trabalho
desenvolvido por um auditor interno.
Costumo dizer que todas as pessoas têm seus controles internos próprios.
Difícil de entender? Mas, vamos lá.
Toda vez que você deixa seu carro num estacionamento ou na rua, você verifica
se ele está com todas as portas trancadas? Se você faz isso, parabéns, você tem
controle interno. Neste momento a chave do carro é o seu controle interno e a
sua intenção é proteger seu bem, um dos propósitos do controle interno. E
quando você verifica se o carro está fechado, você está exercendo a função do
auditor interno: avaliando a existência de controles (o carro têm fechadura) e
o cumprimento dos controles estabelecidos (foi fechado). Qualidade seria se
você verificasse se o local onde o carro se encontra é seguro, se há guardador,
ou se poderia ser estacionado de uma maneira mais segura.
Você confere o seu canhoto do talão de cheques com os extratos fornecidos pelo
banco? Se você faz isso, então você está assegurando que existe precisão e
confiabilidade nos lançamentos efetuados pelo banco. Uma vez mais você está
executando seu próprio controle interno.
Quando sai de casa, você verifica se todas as possíveis entradas estão
devidamente trancadas? Mais uma vez, você está executando uma função de
controle interno e protegendo seus bens.
Estes são alguns exemplos de controles internos que são executados no nosso
dia-a-dia, sem que notemos a sua importância. Assim acontece nas empresas, pois
todas têm controles internos e seus objetivos são:
- proteger seus recursos;
- assegurar que seus registros contábeis
e financeiros são precisos e confiáveis;
- promover a eficiência de seus
funcionários;
- encorajar o cumprimento de suas
determinações.
Controles internos podem ser de natureza preventiva, detectiva ou corretiva:
Controles preventivos são os projetados com a finalidade de evitar a ocorrência
de erros, desperdícios ou irregularidades. Exemplos: o fechamento da porta de
seu carro e de sua casa ou o pagamento de seu cheque apenas contra sua
assinatura.
Controles detectivos são os projetados para detectar erros, desperdícios ou irregularidades,
no momento em que eles ocorrem, permitindo a adoção de medidas tempestivas de
correção.
Exemplo: o alarme de seu carro e de casa, disparando, permitem evitar que o
fato ocorra; termômetros em fornalhas, permitem corrigir a temperatura quando
necessário; tinta vermelha próxima ao final das bobinas de papel, nas máquinas,
permitem a substituição antes que chegue totalmente ao fim.
Controles corretivos são os projetados para detectar erros, desperdícios ou
irregularidades depois que já tenham acontecidos, permitindo a adoção posterior
de ações corretivas. Exemplo: a conferência do seu extrato de conta bancária
permite que você detecte erros porventura existentes e a posterior adoção de
medidas para correção dos mesmos (reclamação junto a instituição financeira).
Quem é responsável pelos controles internos? Os auditores internos? Errado.
Todos são responsáveis pelo correto funcionamento do controle interno. Ao
auditor interno cabe a função de avaliar se o sistema de controle interno está
funcionando como estabelecido e caso contrário, de propor o estabelecimento do
mesmo, se ele não existir, ou melhorar a sua qualidade.
Levando isso para a vida pessoal, também todos são responsáveis pelos seus próprios
controles internos. Se você tem uma família, todos são responsáveis por fechar
a casa, manter os veículos da família devidamente seguros, etc. Se seu filho
sai com o seu carro, ele também deve estar consciente de que deve mante-lo devidamente
em segurança, dirigir com cuidado, respeitar a normas de trânsito, estacioná-lo
com segurança, etc. Agindo assim ele está cumprindo com sua responsabilidade
sobre os controles internos da família.
Então, todos os funcionários de uma empresa precisam estar atentos ao conceito
e aos objetivos dos controles internos. Ao auditor interno cabe a função de
ajudá-los a atingir os propósitos do controle interno estabelecido.
Autoria: Baseado em texto publicado na Internet no site UCAR Internal Auditing Home Page. Adaptação
feita por Antonio Carlos Correia - Revisão: Rudinei dos Santos - Extraído do
Site da UNB