Algum dia você desejou ter um dia de trinta
horas? Sem dúvida esse tempo a mais aliviaria a tremenda pressão em que vive.
Durante a vida deixamos nosso caminho cheio de tarefas inacabadas. E-mails ou
cartas não respondidas, amigos não visitados, artigos não escritos e livros sem
ler são fantasmas que surgem em horas tranquilas que aproveitamos para avaliar
o que fizemos. Esperamos com ansiedade um alívio necessário.
Porem, um dia de trinta horas resolveria
realmente o problema? Não ficaríamos tão frustrados quanto agora com a nossa
quota de vinte e quatro horas? As tarefas de uma mãe nunca acabam, nem as de um
gerente, de um estudante, de um professor, de um sacerdote ou de qualquer
pessoa que conhecemos. Nem a passagem do tempo nos ajudará a dar conta delas. O
número de filhos aumenta e eles ficam mais velhos, passando a exigir mais tempo
de nós. O aumento da nossa experiência traz-nos atribuições mais exigentes. Por
isso, acabamos trabalhando mais e divertindo-nos menos.
Quando fazemos uma pausa para uma
avaliação, compreendemos que nosso dilema é mais profundo que a falta de tempo;
é basicamente um problema de prioridades. O trabalho duro não nos prejudica.
Todos nós sabemos que é correr a toda durante horas, completamente absorvidos
numa tarefa importante. O consequente cansaço é acompanhado do sentimento de
que nos realizamos e isso nos traz satisfação. Não é o trabalho duro, mas a
dúvida e o temor que produzem ansiedade ao fazermos o retrospecto de um mês ou
de um ano e nos sentimos oprimidos pela montanha de tarefas inacabadas. Temos a
impressão de que as exigências a que estamos sujeitos são muito frustradoras.
Confessamos, inteiramente à parte de nossos pecados, que deixamos de fazer coisas que deveríamos ter feito e fizemos outras que
não deveríamos.
Há muitos anos atrás, um experiente gerente
de uma fábrica de tecidos disse-me: O
perigo maior é você deixar que as tarefas urgentes o impeçam de fazer o que é
importante. Ele não imaginou quanto sua imagem acertou em cheio. É um fantasma
que me aparece com frequência e me censura lembrando-me o problema crítico das
prioridades.
Vivemos em constante tensão devido ao
choque entre o urgente e o importante. O problema é que a tarefa importante
precisa ser executada no mesmo dia, ou mesmo durante a semana seguinte. A
tarefa urgente exige providência imediata – fazendo pressão interminável a toda
hora e a todo dia.
O lar de um homem não é mais o seu castelo.
Não é mais um lugar afastado das tarefas urgentes porque o celular atravessa as
paredes para fazer exigências imperiosas. A efêmera atração de tais tarefas
parece irresistível e importante, e consome nossas energias. Mas com o tempo
vemos seu valor esmaecer; e, sentindo o prejuízo sofrido, lembrando-nos das
tarefas importantes que deixamos de lado. Compreendemos finalmente que nos
tornamos escravos da “tirania do urgente”.
Autor: Dr. Charles E. Hummel – Presidente do Barrington
College, Barrington, Rhode Island – Excerto de “Tyranny of the Urgent”, University Press, Chicago.
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