Certamente quem
já passou dos 40 lembra-se da novela Gabriela, Cravo e Canela. (Jorge Amado, publicado em 1958.).
Mais precisamente da protagonista: Sônia Braga. No auge da beleza ela dava vida
ao personagem desejado pelos homens e invejado pelas mulheres: Gabriela. Mas o
que tem a ver novela com o mundo corporativo? A novela em si quase nada, mas a
música tema da trama brilhantemente escrita por Jorge Amado tem sim tudo a ver.
Os versos cantados por Gal Costa traziam um tom brejeiro para o personagem e
dizia assim: "eu nasci assim, eu
cresci assim, e sou mesmo assim, vou ser sempre assim... Gabriela... sempre
Gabriela".
A partir destes
versos eu afirmo: tem muita gente com síndrome de Gabriela! Quantas pessoas
você conhece que repetem o discurso: eu nasci assim, e sou mesmo assim e não
mudo, não mudo e não mudo! Tenho certeza que já se deparou com diversos colegas
que falam, pensam e agem desta forma.
O fato é que com
tantas mudanças ocorrendo no mundo afora ainda tem gente que insiste em querer
fazer tudo igual, sem chance de abrir uma possibilidade para o novo. Pior é
quem acredita que essa postura retrógrada é boa para si e para a empresa. A
única certeza que temos é que tudo mudará! Para uma empresa crescer é
necessário passar por mudanças. Para um profissional ascender na carreira também.
Claro que nem toda mudança é positiva, mas quanto mais resistimos ao inevitável,
mais sofremos. Por isso, é preciso aprender sobre elas e com elas.
Realmente não é
fácil lidar com as mudanças. Existem muitos fatores que levam as pessoas a
lidar de forma negativa com as mudanças. Entre eles destaco três: a homeostase,
o interesse pessoal e o pensamento de curto prazo. Existe uma velha frase no
meio esportivo que reforça a idéia de homeostase: em time que está ganhando não
se mexe. É aquela pessoa que quando sai de férias viaja sempre para o mesmo
lugar e faz tudo sempre igual. Seguramente está perdendo a oportunidade de
aprender com o novo e de descobrir outras possibilidades.
Há pessoas que
simplesmente não mudam por puro interesse pessoal. Infelizmente vemos diversos
casos assim na política nacional, nas entidades de classe, em cargos de comando
nas empresas e em outros ambientes onde estas pessoas se beneficiam de alguma
forma com esta estagnação. O pensamento de curto prazo normalmente acomete as
pessoas por falta de hábito em planejar. Enquanto há aqueles que vivem
planejando e raramente fazem alguma coisa, há também outros que não pensam no
futuro. Somente vivem suas vidas como aquela outra música do Zeca Pagodinho e
que chamo de hino da inoperância: "deixa a vida me levar, vida leva
eu..." Como tem gente nas empresas agindo assim e se sentindo o máximo.
O resultado de
tudo isso é o medo! Basicamente as pessoas têm medo das mudanças por causa do
medo. O medo nosso de cada dia: o medo de dar errado, o medo de não conseguir,
o medo de se frustrar, o medo de arriscar, o medo do ridículo, o medo de não
ser aceito, o medo de sentir medo.
Diante de tudo
isso, será que é possível lidar bem com as mudanças? Claro que sim, mas para
isso é preciso criar um ambiente corporativo favorável e que passa por alguns
aspectos: melhorar a comunicação entre todos os níveis; fortalecer o pensamento
estratégico e de longo prazo a todos os funcionários; preparar mais e melhor as
lideranças; gerar oportunidades para que as pessoas tentem e participem sem o
medo de punição; e fundamentalmente difundir o conhecimento, os planos de
futuro e as expectativas do presente. Com estas ações é possível criar um clima
interno de motivação para a mudança.
Outro fato é que
a mudança está cada vez mais acelerada. Com os avanços tecnológicos e das comunicações
o mundo se torna constantemente mais veloz. Também temos o fator densidade
populacional. Há mais pessoas no mundo o que aumenta a concorrência. Para se
destacar em meio à multidão é preciso uma excelente capacidade de adaptação. As
teorias de Charles Darwin também podem servir para o mundo corporativo. Ou
seja, hoje em dia e no futuro sobreviverão aqueles que forem mais ágeis, mais
rápidos, mais dinâmicos e assertivos. Portanto, fique alerta para perceber se
você também não pegou o vírus da síndrome de Gabriela. O primeiro sintoma é
começar a achar que tudo está bom do jeito que está!
Autor: Rogério Martins – Psicólogo, palestrante, consultor de empresas e escritor. Autor do livro “Reflexões do Mundo Corporativo”. Sócio-Diretor da Persona Consultoria - http://palestranterogeriomartins.blogspot.com
Um comentário:
Parabéns pelo blog. Copiei o texto e postei em meu site www.licoescorporativas.com !
Sucessos,
Maxwel
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