Esta semana ouvi uma
citação de Willian Pollard que achei bastante interessante e que partilho com
vocês:“Sem mudança não
há inovação,
criatividade, ou incentivo para a melhoria”.
Nos últimos tempos
palavras como inovação, empreendedorismo ou modernização surgem
como as principais tendências na evolução das sociedades, das organizações e
nas tecnologias de informação (TI) em particular. Em todo destas palavras vão
surgindo muitas buzzwords que passam a fazer parte do nosso
dia-a-dia e que de uma forma ou de outra vão sendo utilizadas aqui e ali quando
se quer impressionar. Mas como diz o povo “fácil de falar, difícil de fazer” e
muitas vezes ficamos com a sensação que as palavras têm muito de substantivo
e pouco de verbo, acabando por não se verificar grandes alterações.
Mas por quê?
Quando uma nova ideia
surge numa organização, quer seja por processo de incentivo interno ou por
influências externas, o mais normal é que seja associada ao desenvolvimento de
um novo projeto, podendo o âmbito
estar relacionado com uma nova tecnologia, uma nova forma de realizar uma
atividade, etc. Na organização pode
existir alguma resistência,
mas normalmente se existirem recursos
financeiros suficientes, o mais normal é que se avance para a
implementação da ideia.
É natural que o entusiasmo inicial garanta
um arranque “em força” e que exista um elevado comprometimento de todos os
envolvidos, afinal de contas vão ter algo de novo para utilizar. À medida que a
ideia vai amadurecendo e o projeto vai
avançando começam a surgir os primeiros focos de dúvida, começam a surgir
questões que se julgavam já respondidas, o entusiasmo começa a esfriar e a
força a falar. Qual é a explicação? As
Pessoas começaram a perceber que iam ter de mudar!
“Eu até gosto da inovação, desde que não tenha de mudar”, parece ser a máxima defendida por muitos profissionais e é sem dúvida um dos principais entraves à concretização de uma verdadeira mudança e melhoria contínua das organizações. As Pessoas gostam de inovação, só não gostam da mudança! Assim, é importante lembrar a todo o momento que não há mudança sem Pessoas pelo que também não há inovação se não se avaliar o seu impacto nas Pessoas.
“Eu até gosto da inovação, desde que não tenha de mudar”, parece ser a máxima defendida por muitos profissionais e é sem dúvida um dos principais entraves à concretização de uma verdadeira mudança e melhoria contínua das organizações. As Pessoas gostam de inovação, só não gostam da mudança! Assim, é importante lembrar a todo o momento que não há mudança sem Pessoas pelo que também não há inovação se não se avaliar o seu impacto nas Pessoas.
Esta é a razão pela qual
o gerenciamento da mudança tem
ganho uma cada vez maior importância nas organizações,
mas importa desde logo clarificar que o
gerenciamento da mudança é diferente de melhoria contínua e do gerenciamento
de programa/projeto.
- Melhoria
contínua - O objeto da mudança, o que vai mudar;
- Programa/projeto –
Os instrumentos que vão permitir organizar a iniciativa; e
- Gerenciamento da mudança - A dimensão que vai além do objeto da mudança e da iniciativa concreta e procura influenciar os comportamentos e cultura das partes envolvidas.
Muitas vezes a mudança ocorre mesmo que as pessoas
não concordem com ela, motivo pelo qual o
gerenciamento da mudança é muitas vezes mais um gerenciamento da
transformação das pessoas para aceitarem a mudança.
Entender estas diferenças é um primeiro passo para o sucesso da mudança, pois muitas vezes uma boa
ideia e um programa/projeto bem organizado não são suficientes para a concretização
da mudança.
Um dos modelos que
considero mais simples e interessante para promover um bom gerenciamento da mudança é
o apresentado por Willian Bridges em
“Managing Transitions”. Este método
destaca 3 etapas pelas quais é natural que as Pessoas tenham que passar para
que possam aceitar e apoiar a mudança:
- Etapa
1 – O sentimento de fim, de perda e de “deixa para lá”. Esta
é a etapa que se inicia com o anúncio da mudança e onde as Pessoas vão resistir ao máximo para que se possam manter na zona de
conforto.
- Etapa
2 – A zona neutra. Esta é a fase
“ponte”, onde as pessoas já compreenderam que não há volta a dar mas onde
o sentimento de confusão e de desorientação é dominante. É uma fase
importante para “recrutar” as Pessoas para a nova realidade e para as
envolver na mudança.
- Etapa 3 – Um novo início. Nesta fase as Pessoas voltam a sentir-se em casa e a assumir a nova realidade como a sua nova zona de conforto. É um novo começo com bastante energia e comprometimento.
Entender estas etapas e os ritmos próprios de cada um dos envolvidos no
processo de transição é um fator crítico de sucesso para a mudança e algo que pode e deve ser devidamente planejado, implementado e gerido.
Outra característica
muito interessante do modelo é o método dos 4 Ps, um instrumento fundamental
para garantir que o processo de mudança, sobretudo o suporte à “Etapa 3 - Um
novo início”, é feito de forma transparente e que envolve as Pessoas na
construção da nova realidade:
O Porquê (Purpose) –
Quais as motivações e quais os benefícios esperados com a mudança. As Pessoas
têm de entender a lógica por trás da mudança para que se identifiquem com
esse racional;
A Projeção (Picture) –
A fotografia ilustrativa da visão por trás da mudança permite antecipar sensações
e emoções (boas ou más) em relação ao cenário futuro. Desta forma as Pessoas
poderão focar-se e apoiar o desenho do resultado final, independentemente do processo
que levará a esse resultado;
O Plano (Plan) – Quando se sabe
onde se quer chegar, o processo de planejamento fica mais fácil. Nesta etapa, é
importante demonstrar que o resultado final é atingível através da realização
de várias iniciativas, i.e. pequenos passos para construir o cenário futuro. O
plano será um guia que permitirá uma visão comum do caminho a percorrer, sendo
um fator crítico que esse plano seja entendido na sua globalidade para que cada
etapa faça sentido no objetivo final (“Onde estamos agora?”);
O Papel (Part) – As Pessoas já
conhecem o guia, só falta entenderem qual o papel que
irão desempenhar. É importante que as Pessoas se reconheçam
como atores da mudança e não apenas como o público que assiste sentado. Este
envolvimento no cenário futuro deverá ser transparente e antecipado durante o
planejamento. Não vale a pena esperar que o filme acabe para dizer a todos qual
foi o papel que desempenharam!
Tendo em consideração estas boas práticas, a experiência diz-me que muitos dos processos
de inovação e mudança falham
precisamente por se achar que para mudar basta planear a ideia (“O
Plano”) e pôr mãos à obra. Fazer uma reflexão conjunta sobre as motivações (“O
Porquê”), partilhar uma visão do resultado final (“A Projeção”) e gerir as
expetativas em
relação à participação das Pessoas no processo de mudança (“O
Papel”) são pequenos detalhes que podem fazer uma grande diferença.
Mas como “fácil de
falar, difícil de fazer”, que tal experimentar já no próximo projeto!
Autor: Bruno Horta Soares,
CISA®, CGEIT®, CRISC™, PMP®
Willian Bridges
- http://www.wmbridges.com/
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