O
fundador cria uma empresa a partir de um sonho pessoal e se frustra ao chegar
ao fim da vida, tendo dificuldade de compartilhar os seus valores e projetos
com seus herdeiros. Assim, a passagem da gestão de uma geração para outra, não
traz o contorno de continuidade idealizado pelo fundador.
Os
sonhos da segunda geração precisam ser fruto da trajetória de vida dos
herdeiros, tendo como base os contornos familiares. O filho que assumir a
gestão da empresa deverá representar claramente os valores da família, que
normalmente são: trabalho duro, comprometimento com o sucesso do negócio,
disposição para assumir sacrifícios, confiança dos familiares.
A
estabilidade, a harmonia no relacionamento familiar e o ajuste de interesses de
longo prazo permitirão um equilíbrio entre família e empresa.
A
tarefa do fundador é desenvolver uma ideologia estável e coerente. Essa é a
base para a construção de uma sólida hierarquia de valores que nortearão as
gerações futuras. Com freqüência, a segunda geração produz um negócio de
cultura fraca: objetivos obscuros, lealdades divididas e motivação baseada em
dinheiro.
A
hereditariedade não é uma razão para se pertencer a uma empresa familiar. Os
valores comuns vêm em primeiro lugar. O segundo fator preponderante é a
afinidade entre o perfil do cargo de gestor corporativo e o perfil do
profissional que irá assumir a vaga.
Muitos
se esquecem que a cultura da família será o fator determinante das forças e fraquezas
que permeiam o negócio, sendo um dos pontos fundamentais para a perenidade da
organização. A descoberta e a afirmação dos valores da família sustentam e
solidificam um negócio longevo.
Famílias
fortes criam empresas fortes e o processo de sucessão deve ser desenvolvido
mediante a consideração de alguns fatores:
- O herdeiro deve possuir experiência fora da
empresa da família. O fato de ele adquirir conhecimento em outras
organizações amplia o processo de aprendizado e agrega um \"novo
olhar\" frente a organização que herdará;
- A empresa deve realizar um plano de desenvolvimento
de sucessores. Este processo deverá permear etapas de formação a serem
cumpridas pelo herdeiro que se interessar pelos negócios da família, bem
como prazos e condutas a serem assumidos neste período;
- Os sucessores devem entrar na empresa em funções
que forneçam o conhecimento operacional e não em cargos de assessoria ou
diretamente em cargos de direção. Portanto, devem começar por baixo;
- A fase de preparação dos sucessores deve incluir
alternativas para que consigam encontrar seu espaço entre os participantes
da organização;
- A formação obtida por meio da graduação deve ser
continuamente complementada;
- A preparação do sucessor deve ser realizada por
meio da participação ativa deste na execução de tarefas e, da inclusão
gradativa nos processos de tomada de decisão, tendo o acompanhamento
constante e apoio do fundador e/ou gerentes.
Há
ainda outras questões que não se pode desprezar: as condições que envolvem
variáveis de mercado, ou seja, não basta apenas possuir solidez familiar, é
necessário que a empresa tenha competência para se manter competitivos e com
diferenciais reconhecidos por clientes, concorrentes e demais agentes externos.
Duas
questões podem fazer com que as empresas familiares sobrevivam e se mantenham
saudáveis por longo prazo: A empresa deve ser tratada como empresa, sem fazer
aflorar nas dependências da organização, conversas e discussões inerentes à
família.
Existem
duas dimensões a serem consideradas: o ambiente doméstico e o empresarial. A confusão
entre os termos pode gerar conflitos que levam as corporações à mortalidade
precoce.
As
mudanças sempre ocorrem. É importante manter a empresa atualizada em relação às
exigências de mercado. Os negócios empreendidos no passado não são os mesmos de
hoje.
Há
que se considerar a evolução, porém, não existe vantagem competitiva quando
novas gerações tentam excluir os valores fundamentais que sustentaram o
empreendimento desde o início.
Só
haverá eficácia no processo de sucessão quando a organização entender que o manteve
a empresa sólida no mercado foi sua cultura, e que foram seus padrões de
atividades empresariais e o carisma do fundador que a consolidaram sua atuação.
Pense
nisto e uma ótima semana.
Autor:
Domingos Ricca - EconomiaSC
– www.economiasc.com.br
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