Uma professora do IESE, Beatriz Muñoz Seca,
dizia, com muita graça, que o cliente é “invejoso, rancoroso e vingativo e… que
paga as contas”.
Pois já é sabido de longa data que nada
acontece, numa empresa, se você não vender algo para alguém.
Mas, quem é esse alguém?
Creio que muitas vezes temos uma noção meio
apagada do que seja um cliente. Na maior parte do tempo é aquele que compra
nossos produtos ou serviços e está por aí. Outras vezes nem sabemos bem quem é.
Um professor de Harvard, Clayton
Christensen, diz que as pessoas não compram produtos e sim soluções para os
seus problemas não resolvidos.
Pois bem, minha opinião é que estamos à
procura de um problema para podermos aplicar as nossas brilhantes soluções. Ou
seja, qual é o cliente que se adapta às nossas propostas.
Nossa experiência em sala de aula e as
inúmeras entrevistas de diagnóstico mostram que, na verdade, temos pouco
conhecimento dos problemas dos nossos clientes e, portanto, não visualizamos
qual solução é melhor para ele.
Diz-se que o comportamento de uma pessoa é
o produto da personalidade pelo ambiente.
Ambiente
Uma das causas dessa falta de visão é a
forma que as empresas optam por incentivar as vendas: incentivos de quantidade
vendida por produto, por exemplo. Essa visão estreita e de curto prazo não
deixa tempo para o pessoal em contato com o cliente de procurar soluções. Tudo
tem que ser rápido, tem-se que completar o volume do mês e/ou do ano porque
senão o bônus fica prejudicado.
Na realidade quem fica prejudicado é o
cliente.
Ter foco no cliente exige relacionamento e
não creio que se possa ter um relacionamento de confiança dispondo de pouco
tempo.
Não creio que se trate de matéria de
marketing e sim tema em que todos dentro de uma empresa devem estar voltados
para criar esse relacionamento.
Quando se pensa nas inúmeras oportunidades
de estar em contato com o cliente enquanto ele se relaciona com a empresa e nas
possibilidades de satisfazer ou irritar esse cliente fica claro que essa é uma
tarefa de todos.
Personalidade
O que falta é o hábito de pensar em cada
uma dessas oportunidades como se eu fosse um cliente da empresa. Parece mas não
é uma tarefa fácil. Sempre iremos por a nossa forma de pensar na frente e com
isso perdemos o foco do ponto de vista do cliente.
Quantos de nós já visitamos o site da nossa própria empresa como se fossemos um cliente? Quantos de nós telefonou para a empresa, e sem se identificar, tentou obter alguma informação? Toda vez que faço essa pergunta em sala de aula tenho como resposta sorrisos amarelos.
É preciso aprender a escutar o cliente, o
que chamamos de empatia, que não é somente uma compreensão dos problemas do
cliente de uma forma externa, como observador, mas sim procurar sentir o que
ele sente. Praticar a escuta ativa: perguntar com sincera intenção de entender
o que ele pensa. Refrasear a pergunta e a resposta com o objetivo de demonstrar
que entendeu as suas necessidades.
Sabemos que as pessoas exprimem desejos e
não exatamente as necessidades. Todos têm a tendência de expor primeiro as suas
qualidades e nunca os seus defeitos. Num primeiro momento, a impressão que fica
jamais é a verdadeira.
A escuta ativa, através de perguntas bem dirigidas,
leva a entender as necessidades e os defeitos dos clientes.
E também observar, outra habilidade que
estamos perdendo, as reações dos clientes diante dos problemas e como reagem.
Observar seu comportamento, suas reações e suas soluções. Essa é a essência do design thinking tão em moda atualmente.
Enfim temos que agir em duas frentes: criar
um ambiente em que se facilite às pessoas desenvolverem a capacidade de
enxergar os clientes, o que requer tempo e paciência e educar a essas mesmas
pessoas a olharem os outros sob o ponto de vista deles e não o pessoal.
Pense nisto e tenha uma ótima semana!
Fonte: ISE Business School – https://ise.org.br/
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