Um velho amigo comentava comigo como a
ética em nosso país anda “esquecida”. As pessoas filam filas, subornam um
guarda quando a documentação do carro está errada, fingem que estão dormindo no
metro ou no ônibus quando entra um idoso ou deficiente etc.
Lembrou que tudo isso aprendíamos em casa e
na escola. Hoje, se um aluno é punido ou repreendido por uma ação errada, no
dia seguinte os pais aparecem “munidos” de advogados, psicólogos, ONG´s e
outras mais para “punir” o professor...
A grande culpa de tudo isto é a família.
Ninguém mais senta à mesa num final de semana; conversa para saber o que seu filho anda
fazendo ou como está indo no escola...
Foi neste momento que interrompi o desabafo
do amigo para contar-lhe uma história de J. P. Lenfestey que ouvi há muito tempo.
Chama-se “Uma Pescaria Inesquecível”. A meu ver, é isto que precisa o nosso
país.
Ele
tinha onze anos e, a cada oportunidade que surgia, ia pescar no cais próximo ao
chalé da família, numa ilha que ficava em meio a um lago.
A
temporada de pesca só começaria no dia seguinte, mas pai e filho saíram no fim
da tarde para pegar apenas peixes cuja captura estava liberada.
O
menino amarrou uma isca e começou a praticar arremessos, provocando ondulações
coloridas na água.
Logo,
elas se tornaram prateadas pelo efeito da lua nascendo sobre o lago.
Quando
o caniço vergou, ele soube que havia algo enorme do outro lado da linha.
O pai
olhava com admiração, enquanto o garoto habilmente, e com muito cuidado, erguia
o peixe exausto da água. Era o maior que já tinha visto, porém sua pesca só era
permitida na temporada.
O
garoto e o pai olharam para o peixe, tão bonito, as guelras movendo para trás e
para frente.
O
pai, então, acendeu um fósforo e olhou para o relógio. Ainda faltavam quase duas
horas para a abertura da temporada. Em seguida, olhou para o peixe e depois
para o menino, dizendo:
– Você
tem que devolvê-lo, filho!
– Mas,
papai, reclamou o menino.
– Vai
aparecer outro, insistiu o pai.
– Não
tão grande quanto este, choramingou a criança.
O
garoto olhou à volta do lago. Não havia outros pescadores ou embarcações à
vista. Voltou novamente o olhar para o pai. Mesmo sem ninguém por perto, sabia,
pela firmeza em sua voz, que a decisão era inegociável.
Devagar,
tirou o anzol da boca do enorme peixe e o devolveu à água escura. O peixe
movimentou rapidamente o corpo e desapareceu. Naquele momento, o menino teve certeza
de que jamais pegaria um peixe tão grande quanto aquele.
Isso
aconteceu há trinta e quatro anos. Hoje, o garoto é um arquiteto bem-sucedido. O
chalé continua lá, na ilha em meio ao lago, e ele leva seus filhos para pescar
no mesmo cais.
Sua
intuição estava correta. Nunca mais conseguiu pescar um peixe tão maravilhoso como
o daquela noite. Porém, sempre vê o mesmo peixe todas as vezes que depara com
uma questão ética.
Porque,
como o pai lhe ensinou, a ética é simplesmente uma questão de CERTO e ERRADO.
Agir
corretamente, quando se está sendo observado, é uma coisa. A ética, porém, está
em agir corretamente quando ninguém está nos observando. Essa conduta reta só é
possível quando, desde criança, aprendeu-se a devolver o PEIXE À ÁGUA.
A boa
educação é como uma moeda de ouro: TEM VALOR EM TODA PARTE.
Texto: Uma Pescaria Inesquecível, de James P.
Lenfestey, do livro Histórias para Aquecer o Coração dos Pais
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