Para
ilustrar o texto de hoje, eu tenho um exemplo muito interessante. Uma pessoa
foi ao oftalmologista. Ao final do exame, o médico retirou o seu óculos e
entregou-o ao paciente. Disse: "Aqui está, pode usar". O paciente,
surpreso, pegou os óculos, colocou-o. Como era de se esperar, não enxergou
nada. Retrucou então: "Mas Doutor, este óculos não servem para mim".
O médico, indignado, gritou: "Mas como não servem, eu o uso há vários anos
e nunca tive problema algum".
Assim
é a nossa educação. O mesmo enfoque é dado a todos os alunos. Porém cada aluno
é um ser único, com habilidades e percepções diferentes do mundo. Garrincha era
um gênio do futebol. Porém em uma sala de aula certamente não receberia a mesma
denominação. Qualquer um de nós, entretanto, por mais que estude ou treine, não
conseguirá chegar aos seus pés.
Como
então prescrever uma receita igual para trinta alunos ou mais, que é a média de
estudantes nas escolas atualmente? Alguns se sobressaem, outros vão seguindo,
muitos não conseguem acompanhar os demais. Os que ficam para trás, sofrem com a
redução de sua autoestima. São prejudicados e carregam, por muitos anos, os
efeitos trágicos de sua crença em sua capacidade inferior.
Os
professores, por sua vez, para manter a ordem, são forçados a impor a
disciplina, sufocando a criatividade e direcionando os alunos para o que os
livros, os pais, a sociedade e o programa escolar pedem.
O
professor Howard Gardner, da universidade de Harvard, afirma em seu livro chamado
"Frames of Mind", que possuímos
7 tipos de inteligência. São elas:
- Inteligência
Linguística
- Inteligência
Lógica
- Inteligência
Musical
- Inteligência
Cinestética
- Inteligência
Visual
- Inteligência
Espacial
- Inteligência
Intrapessoal
- Inteligência
Interpessoal
A
educação formal privilegia a inteligência linguística e a inteligência lógica
ou matemática. A inteligência linguística revela nossa capacidade de ler, de
escrever e de comunicar por palavras. A inteligência lógica mede a nossa
capacidade de cálculo e de raciocínio.
Muitos
de nós nos surpreendemos, muitos anos após deixarmos a escola, ao constatarmos
que o pior aluno da classe foi o que foi se deu melhor na vida. O primeiro da
turma muitas vezes não chegou a lugar nenhum. A inteligência interpessoal, que
é a capacidade que temos de nos relacionar com os demais, é tremendamente
importante para o sucesso na vida. Se o primeiro da turma só sabe fazer contas
é melhor se precaver.
O
resultado perverso deste sistema escolar, que privilegia algumas habilidades
apenas, resulta na diminuição da autoestima daqueles que não conseguem se
encaixar.
Muitos
saem da escola acreditando piamente em sua incapacidade de aprender. Este
preconceito criado por nós mesmos nos prejudica em diversos aspectos de nossas
vidas.
Uma professora conta: "Eu
tive uma aluna, em um de meus cursos de inglês, que possuía uma tremenda dificuldade de aprender. A pronúncia era terrível, não conseguia se lembrar de
nada, enfim, um caso perdido. Um dia, em uma de nossas aulas, ela teve uma
performance brilhante. Conseguia estabelecer diálogos com frases perfeitas, a
pronúncia excelente, uma total revelação. Fui observando a performance dela,
muito surpreso. Perto do final da aula, cometi o erro fatal: fiz um elogio.
Neste momento, ela se deu conta de que estava fazendo algo que conscientemente
ela nunca poderia fazer. Falar bem o inglês. Quando ela se deu conta disto,
voltou a ser como era antes, terrível."
Vejam
só, este é um caso típico de alguém que construiu barreiras altas ao seu redor.
Por qual razão estas barreiras foram criadas? Um curso de inglês tradicional,
onde a receita única para todos não deu certo para ela? Possivelmente.
Estas
barreiras não se restringem a áreas específicas. O efeito se estende para todos
os aspectos de nossas vidas.
Tudo
isto é absolutamente desnecessário. Todos nós, em maior ou menor grau, somos
muito mais inteligentes do que pensamos. Precisamos apenas acreditar nisto. Não
somos iguais. Cada um de nós é único. Possuímos habilidades que nos tornam
imprescindíveis e importantes. Precisamos apenas acreditar em nosso potencial.
Se a aluna tivesse, naquele momento mágico, tomado consciência de seu
potencial, certamente teria resolvido o seu problema da língua inglesa (e
talvez de muitos outros). Ao acreditar em suas limitações, deixou de abrir um
enorme campo de oportunidades para si mesma.
Mais adiante ela relata: "Nos
meus cursos de inglês instrumental, eu emprego a maior parte do tempo
explicando às pessoas como o aprendizado se processa, como o nosso cérebro
absorve informação, e me esforçando por restaurar a autoestima dos alunos. O
aprendizado do inglês é, para muitos, uma experiência traumática. É importante
para a maior parte das profissões e muitos não conseguem aprender. Por incrível
que pareça, no tocante a metodologia do ensino do inglês para leitura, tudo o
que é preciso ser dito, é transmitido na primeira aula. Todas as outras aulas
são empregadas reforçando os conceitos e principalmente, tentando convencê-las
de que são capazes de aprender qualquer coisa que queiram."
Tony
Buzan, o criador do método de aprendizado chamado "Mind Mapping", ou "Mapas Mentais", afirma:
"Na escola, passei milhares de horas
aprendendo matemática. Milhares de horas aprendendo linguagem e literatura.
Milhares de horas em ciências, geografia, e história. Então me perguntei:
quantas horas passei aprendendo como minha memória funciona? Quantas horas
passei aprendendo como meus olhos funcionam? Quantas horas aprendendo como
aprender? Quantas horas aprendendo como o meu cérebro funciona? Quantas horas
aprendendo sobre a natureza de meu pensamento e como ele afeta meu corpo? E a
resposta foi: nenhuma, nenhuma, nenhuma, nenhuma."
Para
reforçar o título deste artigo, veja o que Tony Buzan tem a dizer a respeito de
nosso cérebro:
"Seu
cérebro constitui-se de um trilhão de células. Cada célula cerebral
assemelha-se ao menor e fenomenalmente mais complexo polvo. Ele possui um
centro, tem várias seções e cada seção possui muitos pontos de conexão. E cada
uma dessas bilhões de células cerebrais é, muitas vezes, mais potente e
sofisticada do que a maioria dos computadores atualmente existentes no planeta.
Cada uma dessas células cerebrais conecta ou abraça, em um certo sentido,
dezenas de milhares a centenas de milhares de outras células. E elas emitem
informação nos dois sentidos. O cérebro também já foi chamado de tear
encantado, o objeto mais extraordinariamente complexo e bonito que existe. E
cada pessoa possui um."
Existem
no mundo inteiro, diversas iniciativas bem sucedidas e comprovadas de aumento
da capacidade humana de aprender. O que estas iniciativas têm em comum é um
olhar interno para o ser humano, entendendo suas motivações, os fatores que nos
levam a ter um melhor desempenho e tudo o que tradicionalmente não nos ensinam
na escola, universidade ou onde quer que seja.
Pense
nisto e uma boa semana.
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