Eu sou do tempo em que as pessoas se
reuniam para conversar, ouvir um bom caso, rir, falar sobre política, música e
poesia e emprestar o nosso ombro para as magoas de um amigo que precisasse.
Alguns podem chamar isso de saudade, eu
chamo de lembrança. Desses encontros eu me lembro de uma história contada pelo
meu avô, “Seu” Juquinha, dono da “botica”, e de sabedoria antológica.
Contava ele que numa cidade do interior um grupo de pessoas se
divertia com o idiota da aldeia. Um pobre coitado, de pouca inteligência, que
vivia de pequenos biscates e esmolas.
Diariamente o prefeito, delegado e alguns
fazendeiros da região chamavam o idiota a tendinha onde se reuniam e ofereciam
a ele a escolha entre duas moedas: uma grande de 4$00 (quatrocentos reis) e
outra menor de 2$000 (dois mil reis).
Ele sempre escolhia a maior e menos valiosa, o que
era motivo de risos para todos.
Certo dia, um dos membros do grupo chamou-o e lhe
perguntou se ainda não havia percebido que a moeda maior valia menos.
– Eu sei, respondeu o tolo, ela
vale cinco vezes menos, mas no dia em que eu escolher a outra, a brincadeira
acaba e não vou mais ganhar uma moeda.
Pode-se tirar várias conclusões dessa pequena
narrativa:
A segunda: Quais eram os verdadeiros
idiotas da história?
A terceira: Se você for ganancioso,
acaba estragando sua fonte de renda.
Mas a conclusão mais
interessante: A percepção de que podemos estar bem, mesmo quando os outros não têm
uma boa opinião a nosso respeito. Portanto, o que importa não é o que pensam de
nós, mas sim, quem realmente somos.
O maior prazer de um homem inteligente é bancar o
idiota diante de um idiota que banca o inteligente.
Pense nisto e tenha uma ótima semana!
Notas do Autor:
Na foto maior: Cachoeiras de Macacú, Rio de Janeiro
Moedas: 4$00 - Moeda de 4$00 reis de 1920 - flor de cunho e de 2$000 reis de prata, de 1907, XX gramas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário