Sorte e destino
O conceito em torno da sorte é
um quase-sinônimo de destino, exibindo como principal diferença a divisão entre
"boa sorte" e "má sorte" (quando se fala em destino, essa
divisão é inadmissível) remetendo fatalmente, a um maniqueísmo mundano,
provavelmente controlado por forças sobrenaturais.
No entanto, imaginar que existe sorte é supor que existe a possibilidade de
alteração do destino, conforme determinadas condições que geram os eventos
(merecimento, por exemplo) já que destino é que é o sinônimo de fatalidade,
programação ou desígnio imposto por forças maiores, afetados por nossa atuação
direta ou indireta.]
A sorte no imaginário
Diversas figuras do imaginário
popular buscam representar e explicar a sorte. Na mitologia
grega clássica, a sorte é representada pelas Moiras, que são
três mulheres de aspecto lúgubre, responsáveis por fabricar, tecer e cortar
aquilo que seria o fio da vida de todos os indivíduos. Durante o trabalho, as
Moiras fazem uso da Roda da Fortuna, que é o tear utilizado para se tecer os
fios.
As voltas da roda posicionam o
fio do indivíduo em sua parte mais privilegiada (o topo) ou em sua parte menos
desejável (o fundo), explicando-se assim os períodos de boa ou má sorte de
todos, dada a dinâmica da roda. Conta-se que o deus Ares fora o único ser
capaz de submeter as Moiras à vontade dele; fora esta exceção, as Moiras jamais
foram manipuladas, e nada se pode fazer para detê-las, ou ganhar-lhes o favor
(até porque as Parcas entendem que o trabalho delas está mesmo acima delas próprias).
Dessa forma a figura mitológica representa a sensação de impotência diante da
dinâmica do universo e da vida.
A mitologia
romana clássica oferece a figura da Fortuna, profundamente
explorada por Nicolau Maquiavel em "O
Príncipe", sua obra maior. Diferente das Parcas, a Fortuna é uma mulher
disposta a conceder favores. De acordo com Maquiavel, este se obtém através da “virtu”,
termo melhor traduzido não como virtude, mas virilidade, evidenciando portanto,
o aspecto necessariamente ativo da busca pela sorte, ou seja, o de que a sorte
é consequência até certo ponto, de trabalho e não do acaso.
De acordo com o autor, se a
Fortuna é mulher, nada mais natural que esta venha a se lisonjear com homens
que estejam dispostos a domá-la. A ousadia, por exemplo, seria uma forma de
"humilhá-la" e, portanto, lisonjeá-la. Vale lembrar que a abordagem
de Maquiavel é destinada à leitura por um aristocrata absolutista, e dessa
forma, os argumentos vão ao encontro dos interesses e perfis psicológicos do
Rei, tanto quanto do próprio Maquiavel.
Afinal, o que é
sorte?
Segundo
os dicionaristas sorte é
um substantivo que pode significar destino,
fado, ou um acontecimento casual, que pode
ser bom ou mau. A palavra sorte pode ter significados
diferentes, usados em diversos contextos.
No âmbito
da filosofia é algo que resulta da casualidade,
sendo a expressão de um fenômeno que não é possível prever ou
explicar. O conceito de sorte ignora qualquer tipo de
justificação racional, e alguns autores a diferenciam do destino, afirmando que
o destino também não pode explicar a sorte.
Para a Neurolinguística, a sorte
é consequência da conduta gerada por um comportamento continuado e insistente,
marcante ou não.
Cabe aqui uma história:
Conta-se que certa vez dois irmãos foram admitidos em
uma Empresa na função de faxineiro, visto que tinham pouca instrução.
Um dia, foi oferecida a oportunidade para todos que a quisesse de, após o término do expediente, ficar até mais tarde e cursar o supletivo por conta da Empresa.
Um dos irmãos imediatamente agarrou esta chance. O outro, porém, acomodado à própria situação, disse: Eu, hein, fazer hora-extra sem receber para isso...
Em outras ocasiões, a história se repetiu: oportunidades eram oferecidas - cursos de digitação, informática, noções de contabilidade, treinamentos em relacionamento humano etc. - um agarrava de frente a oportunidade, investindo seu tempo no desenvolvimento pessoal e profissional; o outro, sempre com "belas" justificativas para não ser "explorado", apresentava desculpas das mais diversas tais como: E o meu futebol, meu programa de televisão, o barzinho com os "amigos" etc.
Passado algum tempo, aquele irmão que investira seu tempo com afinco em seu aperfeiçoamento foi se destacando... Tanto que à medida que foram surgindo vagas dentro da Empresa, a ele eram oferecidas. E isto o exigia mais ainda em empenho, e prontamente ele dedicava-se mais e mais.
Tempos depois, chegou a gerente, não apenas mais um gerente mas sim o melhor gerente da Empresa.
E foi feita uma festa em homenagem ao rapaz. Na festa, alguém que não sabia do parentesco entre o ainda faxineiro e o então gerente, aproximou-se daquele e disse:
─ Formidável este gerente!
─ É... e ele é meu irmão... - disse o faxineiro.
─ Seu irmão? – exclamo incrédulo, o interlocutor - E ele é gerente e
você faxineiro!?
─
É... na vida ele teve sorte...! - Concluiu o faxineiro.
E para você, o que
é sorte?
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