Muitas pessoas escolheriam ser uma
raposa. Afinal, as raposas são lindas, elegantes e astutas. Os
ouriços, que são criaturas pequenas e espinhosas encontradas na Europa, na Ásia
e na África, são exatamente o oposto: lentos, silenciosos e lentos.
Então, o que raposas e ouriços têm a
ver com o sucesso da sua organização? Em suma, tudo! É tudo sobre
aprender a arte da simplicidade, como um ouriço, e criar um foco claro para a
sua organização.
Tanto entre empresas quanto entre
profissionais, há uma tensão constante entre diversificação e foco. As empresas
às vezes acham que devem apostar na maior variedade possível de ações; outras vezes,
que só devem atuar em seu campo de excelência. A mesma angústia atinge vários
profissionais: qual vale mais, o especialista ou o generalista?
É claro que inúmeros fatores pesam
nesse debate, desde a conjuntura do mercado até a facilidade de obter crédito e
os custos de oportunidade. Mas uma das maneiras de descobrir o melhor caminho é
entender se você (ou a sua empresa) é uma raposa ou um ouriço.
Esta análise
é proposta em “O Ouriço e a Raposa”, um dos ensaios mais famosos do pensador
britânico Isaiah Berlin, de origem judaica russa (1909-1997). Logo em sua
introdução, Berlin cita um fragmento do poeta grego Arquiloco, que diz: “a
raposa sabe muitas coisas, mas o ouriço sabe uma grande coisa.”
Em geral, assume-se que o significado
é simplesmente que a raposa, embora tenha mil artimanhas, é derrotada pela
defesa eficiente do ouriço. Mas Berlin toma a frase como início de uma análise
que divide as mentes criadoras em dois times: as raposas, que apostam em estratégias
diversificadas, e os ouriços, que perseveram em um só princípio.
Qual é melhor?
Evidentemente, não há resposta. Ou melhor, não há resposta externa. O mundo
precisa de raposas como Leonardo da Vinci e de ouriços como Albert Einstein. Ouriços gostam da
coerência, da ordem, do princípio fundamental. Raposas perseguem ideias
diversificadas, frequentemente não relacionadas umas às outras, difusas, talvez
até contraditórias.
Platão, Nietzsche, Hegel, Proust,
Dostoievsky eram ouriços. Heródoto, Montaigne, Aristóteles, Joyce eram raposas.
Extrapolando a análise de Berlin para
o mundo dos negócios, Steve Jobs, com sua obsessão pelo design e pelo sistema
fechado, seria um ouriço. Thomas Edison, com seus mil inventos, seria uma raposa.
Qual é melhor? Evidentemente, não há
resposta. Ou melhor, não há resposta externa. O mundo precisa de raposas como
Leonardo da Vinci e de ouriços como Albert Einstein.
Talvez algumas épocas sejam mais
propícias a um tipo, outras ao outro. Mas é provavelmente mais correto seguir a
inclinação da sua personalidade do que tentar adivinhar qual o modelo mais
certo para o momento.
E há, ainda, um caso especial. O
ensaio de Berlin trata, na verdade, da obra de Tolstoi, e a divisão dos dois
campos feita no início é uma elegante maneira de expor um gênio criativo que
não cabia na análise. Ele era raposa e ouriço, generalista e especialista,
coerente e disperso, focado e experimentador. Um gênio preparado para Guerra e
Paz.
Pense nisto e tenha uma ótima semana!
Fonte:
Adaptação do Prof. AMarins do artigo de David Cohen – Diretor de Redação de
Época Negócios – www.epocanegocios.globo.com/
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