No momento em que o Brasil se
torna um dos destinos preferidos dos investidores estrangeiros, em especial o
segmento de médias empresas, mais do que nunca, o dilema da profissionalização aparece
com muita força.
O investidor busca essencialmente
empresas que tenham um bom potencial de crescimento e que estejam em setores
importantes da economia. O nível de transparência e as boas práticas de gestão
corporativas também são levados em consideração na hora de investir, já que,
geralmente, o investidor estrangeiro é avesso a risco.
Adotar boas práticas está
diretamente ligado à capacidade de crescimento sustentado e à própria
perenidade do negócio. Ou seja, é uma questão de sobrevivência e crescimento.
Principalmente em empresas
familiares, a necessidade de profissionalização de gestão é evidente. Estima-se
que apenas 15% das empresas familiares sobrevivem à terceira geração.
Na maioria dos casos, o
desaparecimento está ligado diretamente a conflitos entre os familiares e a
ausência de uma profissionalização da gestão. A história mostra uma série de
exemplos de empresas familiares de médio porte que não adotaram boas práticas
de gestão - ou não sofreram um processo de profissionalização - e acabaram
desaparecendo mesmo antes de se tornarem realmente grandes.
Há exemplos de empresas familiares
dos mais diversos segmentos que não conseguirem crescer o suficiente e nem ao
menos sobreviver ao longo do tempo. Rede Zacharias, Casa Jose Silva, BRA, G
Aronson, Arapuã, Casa Albano, Casa Pekelman, Casas Sendas são alguns casos bem
conhecidos.
Apesar da particularidade de cada
um, podemos afirmar que todas estas empresas sucumbiram principalmente por
falta de gestão adequada e também pela incapacidade de seus fundadores de
abandonarem o velho estilo de gestão que os sustentou ao longo do tempo.
Algumas medidas simples podem
ajudar a evitar este tipo de cenário. Considerando especificamente as empresas
de gestão familiar, planejar a sucessão com antecedência, criar um conselho com
integrantes externos e definir, inclusive, um 'acordo de família' são pontos
que podem garantir a sobrevivência da companhia.
Por outro lado, há uma série de
exemplos de empresas familiares que souberam profissionalizar a companhia e
adotaram boas práticas corporativas. Entre elas, podemos citar cases como Pão
de Açúcar, Odebrecht, Camargo Correa e Gerdau.
Assim como o grupo de empresas
citado anteriormente, todas também são familiares, porém cresceram e
prosperaram basicamente modernizando os seus processos e permanecendo
atualizadas por meio da adoção de boas práticas de gestão corporativas.
A probabilidade de uma empresa de
porte médio crescer, se desenvolver e perenizar sem a adoção de práticas de
gestão é extremamente baixa. Ainda mais com a globalização, a ascensão chinesa
e a informatização da receita federal - que impede qualquer tipo de alteração
de dados fiscais -, o crescimento de uma companhia, a atratividade para
possíveis investidores e o ganho de competitividade estão diretamente ligados à
gestão. E, para ser eficiente, a gestão precisa ser profissional.
Autor: Miguel
Abdo, diretor da Naxentia – www.economiasc.com.br
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