Eu e outros profissionais de distintas áreas participamos de um encontro com jovens universitários cujo objetivo era discutir os prós e contras de cada profissão.
Por mais que cada um procurasse justificar o porquê da eleição de sua atividade, pairavam no ar perguntas como: será que foi a melhor escolha? Não deveria ter escolhido outra? E se eu escolher errado?
Como não tínhamos muito tempo para justificar nossas “escolhas”, lembrei-me de um texto escrito pelo Pedro Bial. Ele cairia como uma luva para o encerramento daquele encontro. Eis o texto:
A certa altura do filme Crimes e Pecados, o personagem interpretado por Woody Allen diz: “Nós somos a soma das nossas decisões.”
Essa frase acomodou-se na minha massa cinzenta e de lá nunca mais saiu.
Compartilho do ceticismo de Allen: a gente é o que a gente escolhe ser, o destino pouco tem a ver com isso.
Desde pequenos aprendemos que, ao fazer uma opção, estamos descartando outra, e de opção em opção vamos tecendo essa teia que se convencionou chamar “minha vida”.
Não é tarefa fácil...
No momento em que se escolhe ser médico, se está abrindo mão de ser piloto de avião. Ao optar pela vida de atriz, será quase impossível conciliar com a Arquitetura...
No amor, a mesma coisa: namora-se um, outro, e mais outro, num excitante vaivém de romances. Até que chega um momento em que é preciso escolher entre passar o resto da vida sem compromisso formal com alguém, apenas vivenciando amores e deixando-os ir embora quando se findam, ou manter um relacionamento com direito a casa própria, orçamento doméstico e responsabilidades...
As duas opões têm seus prós e contras: Viver sem laços ... e viver com laços.
Escolha: beber até cair ou virar vegetariano e budista? Todas as alternativas são válidas, mas há um preço a pagar por elas.
Quem dera pudéssemos ser uma pessoa diferente a cada 6 meses: ser casados de segunda à sexta e solteiros nos finais de semana. Ter filhos quando se esta bem disposto e não tê-los quando se esta cansado.
Por isso é tão importante o autoconhecimento...
Por isso é necessário ler muito, ouvir os outros, estagiar em várias tribos, prestar atenção ao que acontece em volta e não cultivar preconceitos.
Nossas escolhas não podem ser apenas intuitivas, elas tem que refletir o que a gente é. Lógico que se deve reavaliar decisões e trocar de caminho: Ninguém é o mesmo para sempre. Mas que essas mudanças de rota venham para acrescentar, e não para anular a vivência do caminho anteriormente percorrido.
A estrada é longa e o tempo é curto. Não deixe de fazer nada que queira, mas tenha responsabilidade e maturidade para arcar com as conseqüências destas ações.
Lembre-se: suas escolhas têm 50% de chance de darem certo, mas também 50% de chance de darem errado, portanto... A escolha é sua!
Arrisque! Vale a pena!
Autor: Pedro Bial – Jornalista brasileiro da TV Globo – http://redeglobo.globo.com/
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