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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

VOCÊ SABE O QUE É METANÓIA?


Metanoia é uma palavra de origem grega (μετάνοια, metanoia) e significa arrependimento, conversão (tanto espiritual, bem como intelectual), mudança de direção e mudança de mente; mudança de atitudes, temperamentos; caráter trabalhado e evoluído.

A metanoia é uma das disciplinas indicadas por Peter Senge, no âmbito do estudo da Aprendizagem Organizacional. É um conceito que, na perspectiva das organizações, está intrinsecamente ligado à mudança organizacional, haja vista que, sem a metanóia ser bem sucedida junto dos colaboradores, a mudança organizacional revelar-se-á um fracasso.

Tudo se isto se entende, se tivermos em conta que, para se proceder a uma mudança nas empresas, é necessário que tal mudança seja acompanhada pelos colaboradores; isto é, há necessidade de se conceber "alterações nas mentes dos colaboradores". Caso contrário, simplesmente por existirem máquinas, ferramentas, softwares, e outros materiais novos, não se produz qualquer efeito inovador.

A metanóia explica que a primeira alteração deve ser nos colaboradores, uma vez que estes entram em todos os processos organizacionais, justificando assim a forte necessidade dos gestores alterarem genuinamente os conceitos laborais até aí interiorizados por estes.

Uma forma de o fazer é através do modelo das três fases:

1º - Descongelamento (consiste na ruptura com as práticas até aí utilizadas)
2º - Mudança (consiste na adoção de novos comportamentos)
3º - Recongelamento(consiste na interiorização dos comportamentos adotados)

Metanóia – uma mudança de mentalidade

Quando perguntamos às pessoas como é a experiência de fazer parte de uma excelente equipe, o que destacam é o significado dessa experiência. As pessoas falam em fazer parte de algo maior do que elas mesmas, de estarem conectadas, de serem produtivas. Fica bastante claro que, para muitas delas, suas experiências como parte de equipes realmente excelentes sobressaem como períodos singulares, vividos ao máximo. Algumas passam o resto da vida buscando fórmulas de recapturar esse espírito.

Na cultura ocidental, a palavra que descreve com maior precisão o que acontece em uma organização que aprende não foi muito usada nos últimos séculos. Trata-se de uma palavra que empregamos em nosso trabalho com as organizações há algumas décadas, mas sempre as advertimos, bem como a nós mesmos, para fazer uso dela comedidamente em público. A palavra é “metanóia” e significa mudança de mentalidade. Esse termo tem uma história rica.

Para os gregos, significava uma mudança ou alteração fundamental ou, mais literalmente, transcendência (“meta” – acima ou além, como em “metafísica”) da mente (“noia” – da raiz “nous”, da mente). Na tradição cristã gnóstica mais recente, assumiu um significado especial – o despertar da intuição compartilhada e o conhecimento direto de Deus. “Metanóia” provavelmente era um termo-chave para os primeiros cristãos, como João Batista. Na tradição católica, a palavra metanóia acabou sendo traduzida como “arrependimento”.

Entender o sentido de “metanóia” é entender o significado mais profundo de “aprendizagem”, pois essa também envolve uma alteração fundamental ou movimento da mente. O problema de se falar sobre “organizações que aprendem” é que  “aprendizagem” perdeu seu significado central no uso contemporâneo. A maioria das pessoas chega a desviar o olhar quando falamos sobre “aprendizagem” ou “organizações que aprendem”. Não é surpresa, portanto, que no uso cotidiano aprendizado tenha se tornado sinônimo de “internalização de informações”. “Sim, aprendi isso naquele curso de ontem”. No entanto, a internalização de informações tem pouca relação com o verdadeiro aprendizado. Seria um contrassenso dizer: “Acabei de ler um excelente livro que ensina a andar de bicicleta – agora já sei andar de bicicleta”.

A verdadeira aprendizagem chega ao coração do que significa ser humano. Através da aprendizagem, nos recriamos. Através da aprendizagem tornamo-nos capazes de fazer algo que nunca fomos capazes de fazer. Através da aprendizagem percebemos novamente o mundo e nossa relação com ele. Através da aprendizagem ampliamos nossa capacidade de criar, de fazer parte do processo gerativo da vida. Existe dentro de nós uma intensa sede para este tipo de aprendizagem. É, nas palavras de Bill O’Brien, da Hanover Insurance, “tão fundamental para o ser humano quanto o desejo sexual”.

É esse, portanto, o significado básico de uma “organização que aprende” – uma organização que esta continuamente expandindo sua capacidade de criar seu futuro. Para uma organização como essa, não basta apenas sobreviver. “A aprendizagem visando a sobrevivência” ou o que conhecemos mais comumente como “aprendizagem adaptativa” é importante – na verdade, é necessária. Mas, para uma organização que aprende, a “aprendizagem adaptativa” deve ser somada à “aprendizagem generativa”, a a aprendizagem que amplia nossa capacidade de criar.

Algumas corajosas empresas pioneiras estão indicando o caminho, mas o território do desenvolvimento das organizações que aprendem continua, em grande parte, inexplorado.

Autor: Peter Senge – “A Quinta Disciplina”

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