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sábado, 17 de outubro de 2009

O IDIOTA E A MOEDA

Eu sou do tempo em que as pessoas se reuniam para conversar, ouvir um bom caso, rir, falar sobre política, música e poesia e emprestar o nosso ombro para as magoas de um amigo que precisasse.

Alguns podem chamar isso de saudade, eu chamo de lembrança. Desses encontros eu lembro de uma história contada pelo meu avô, “Seu” Juquinha, dono da “botica”, e de sabedoria antológica.

Contava ele que numa cidade do interior um grupo de pessoas se divertia com o idiota da aldeia. Um pobre coitado, de pouca inteligência, que vivia de pequenos biscates e esmolas.

Diariamente o prefeito, delegado e alguns fazendeiros da região chamavam o idiota a tendinha onde se reuniam e ofereciam a ele a escolha entre duas moedas: uma grande de 4$00 (quatrocentos reis) e outra menor de 2$000 (dois mil reis).

Ele sempre escolhia a maior e menos valiosa, o que era motivo de risos para todos.

Certo dia, um dos membros do grupo chamou-o e lhe perguntou se ainda não havia percebido que a moeda maior valia menos.

– Eu sei, respondeu o tolo, ela vale cinco vezes menos, mas no dia em que eu escolher a outra, a brincadeira acaba e não vou mais ganhar uma moeda.

Pode-se tirar várias conclusões dessa pequena narrativa:

A primeira: Quem parece idiota, nem sempre é.
A segunda: Quais eram os verdadeiros idiotas da história?
A terceira: Se você for ganancioso, acaba estragando sua fonte de renda.

Mas a conclusão mais interessante: A percepção de que podemos estar bem, mesmo quando os outros não têm uma boa opinião a nosso respeito. Portanto, o que importa não é o que pensam de nós, mas sim, quem realmente somos.

O maior prazer de um homem inteligente é bancar o idiota diante de um idiota que banca o inteligente.

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