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sexta-feira, 23 de abril de 2010

QUE PAÍS É ESTE?

– Todo mundo participou do workshop?

– Menos o Jéferson, que ficou de stand by.

– Bom, na nossa área, analisamos os altos índices de turn over, sete ponto dois no último semestre. Ouve propostas para que adotássemos um programa downsizing. Redimensionarmos os fringe benefits. Também criamos uma linkagem dos trainees com o pessoal de management, e foi recomendado implantarmos o outplacement para ajudar aqueles quem não se adaptaram à joint-venture.

O Francis voltou à carga com o just in time e o kanban. Mas o Kleyton, do marketing, participou de um brainstorm ao qual eu não pude ir.

– É, foi interessante. Só que eu esperava conversar sobre o market share do produto líder. Também tinha umas idéias sobre public relations, ia propor uma mudança no low profile. Mas o pessoal de finanças, estava mais interessado em discutir budget, cash flow, commodities, a influência da Prime e da Libor e checar a remuneração do hot money e do factoring.

– Deve ter sido complicado.

– Até que não. Aprendi muita coisa. Só fiquei mesmo sem saber do que se tratava quando começou a falar high-tech. Estão enfrentando um problema se software, que eu não sei bem qual é.

– Talvez a Jane possa nos contar.

– Pra falar a verdade, quase não participei de todas atividades. Assisti à primeira palestra, que falava da adaptação das nossas técnicas gerenciais à cultura brasileira e saí antes de começarem as dinâmicas.

– Por quê?

– Achei que era melhor dar um giro pela cidade, fazer shopping, sei lá.

– Depois do coffe-break a gente volta ao assunto. Ok?

Autora: Rachel Regis, jornalista e autora diversos livros. Texto adaptado pelo Prof. A. Marins

sábado, 17 de abril de 2010

DONA COMUNICAÇÃO: HISTÓRIA NÃO ESCRITA

Otávio, o caixa, por certo nunca ligara para problemas de comunicação. Falava e dizia. Pronto. O interlocutor que entendesse. Ignorava, talvez, que cada universo de ouvintes corresponde a um linguajar específico, um repertório.

Palavras como “isótopos” e “fissão” só costumam ser inteligíveis entre os iniciados em Física Nuclear. Expressões como “Malagueta diz que vai apagar o macaco” pode ser corriqueira entre os policiais e malandros, mas para outros mortais carece de tradução (Malagueta diz que vai matar o policial).

Otávio não atentava para isso e se julgava, decerto, possuidor de comunicação universal, acessível a qualquer repertório. Fazia e dizia. Quem ouvisse, que escutasse.

Assim, quando Terezinha lhe apresentou o cheque, ele nem imaginou que a cliente talvez não entendesse o idioma bancário.

– Por favor, moça, seu cheque é nominal a Terezinha Gomide, precisa de endosso.

Terezinha escutou, mas não ouviu.

(Pensando alto): – Nominal? Endosso? Endosso tem sabor de açúcar. Não, não é possível, não tem nada a ver.

– Desculpe seu Otávio, não entendi.

Otávio olha Terezinha com ar de estranheza diante da pergunta da cliente. Levanta seus olhos e diz:

– Simples moça. Coloque sua firma aqui no verso.

Ainda sem ouvir, a cliente espichou-lhe o olhar interrogante.

(Pensando alto): – Verso? Firma? Que diabos. Antes “nominal”. Agora “verso”, “endosso” e também “firma”. Ora, eu não sou sócia de nada! Nem poeta!

Terezinha atônita e envergonhada, achou de perguntar de novamente.

– Perdão, seu Otávio, desculpe estar chateando o senhor. É que eu não sou muito boa para entender as coisas. Será que o senhor pode me explicar de novo?

Otávio, já sem nenhuma paciência resmunga alguma coisa. De repente, deu-se o estalo. Pensou no repertório de Terezinha e tratou de adivinha-lo. Fácil, pensou. Com sorriso de “psicologice”, foi virando o cheque e apontou com jeito de cúmplice:

– Olhe com atenção, coloque aqui seu nome. Assim como você faz no final da carta que manda pro seu namorado.

Terezinha iluminou-se. Decidida, pegou firme na caneta e lascou no verso do cheque: Com todo amor, um grande beijo, Terezinha.

Diante daquela Terezinha sorridente, Otávio, o caixa, foi apresentado à “Dona Comunicação”. Sentiu que há repertórios e repertórios. E que falar nem sempre é dizer.

Autor desconhecido.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

O PAPEL GERENCIAL

Fortemente influenciado pela globalização da economia mundial, o século XXI requereu novas técnicas de gestão inovadoras, principalmente no que se refereria ao ativo humano. Foi essencial que se desenvolvessem processos integrados e fundamentados nas competências, investindo em seus colaboradores como empreendedores ao invés de meros cumpridores de normas e procedimentos. O corpo funcional passou a ser visto como participante ativo do negócio organizacional.

Já o momento atual exige não só a contratação da mão-de-obra, mas que se contrate a mente e o coração das pessoas. De nada adiantam modernas técnicas de gestão, equipamentos e sistemas sofisticados se não houver pessoas emocionalmente equilibradas para fazê-los funcionar, para fazer o negócio acontecer. Como conseguir este equilíbrio? Através da competência gerencial, em que o gestor desenvolve, cada vez mais, de forma integrada seus conhecimentos, habilidades e atitudes, para lidar com seus colaboradores.

Considerada a era da informação, o 3º milênio propõe uma nova oferta de trabalho. Os modernos sistemas integrados de gestão surgem como parte da globalização, diminuindo o efetivo humano, trazendo a época dos serviços – que requer profissionais qualificados de forma diferenciados, perfeitamente capacitados para usar o equilíbrio de sua competência na relação com o consumidor.

Cabe ao gerente então, dentro do enfoque moderno de gestão, auxiliar o corpo funcional a desempenhar atribuições que agreguem valor ao negócio, desenvolvendo seu banco de talentos. Para tal, é preciso, antes de qualquer coisa, que o gestor esteja aberto ao autodesenvolvimento.

Para iniciar, ele deve definir seu perfil executivo, suas competências básicas, investindo em seu potencial, preparando-se no desenvolvimento de seu papel como gerenciador de talentos. Ele é, melhor que qualquer outra, a pessoa indicada para identificar as necessidades humanas de sua área.

Antigamente, os recursos humanos ficavam sob responsabilidade da área de Recursos Humano, hoje isso é atribuição gerencial e dividida por todos gerentes da organização. O profissional de RH deve assumir o papel de consultor interno, orientando e facilitando ao gerente no que diz respeito aos processos necessários para corrigir desvios na performance do desempenho de sua equipe. Quanto à escolha, identificação de talentos, avaliação e acompanhamento profissional, isso é papel gerencial.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

FÁBULA MODERNA

Num lindo dia ensolarado o coelho saiu de sua toca com seu laptop e pôs-se a trabalhar, bem concentrado. Pouco depois passou por ali uma raposa e viu o coelhinho suculento tão distraído com seu trabalho. No entanto ela ficou intrigada com o coelho trabalhando tão arduamente. Então a raposa aproximou-se do coelho e perguntou:

Raposa: – Coelhinho, o que você está fazendo "tão" concentrado?

Coelho: – Estou redigindo a minha tese de doutorado. Disse o coelho sem tirar os olhos do laptop.

Raposa: – Hummm... Qual é o tema de sua tese?

Coelho: – Ah! é uma teoria provando que os coelhos são os verdadeiros predadores naturais de animais como as raposas.

A raposa ficou indignada:

Raposa: – Ora! Isso é ridículo! Nós é que somos os predadores dos coelhos!

Coelho: – Absolutamente! Venha comigo à minha toca e eu te mostro a minha prova experimental.

O coelho e a raposa entram na toca. Poucos instantes depois se ouvem alguns ruídos indecifráveis, alguns poucos grasnidos e depois silêncio. Em seguida o coelho volta sozinho e, mais uma vez retorna os trabalhos de sua tese como se nada tivesse ocorrido.

Meia hora depois passa um lobo. Ao ver o apetitoso coelhinho tão distraído agradece mentalmente à cadeia-alimentar por estar com o seu jantar garantido. No entanto, o lobo também acha muito curioso um coelho trabalhando tão concentrado. O lobo então resolve saber do que se trata aquilo tudo antes de devorar o coelhinho.

Lobo: – Olá jovem coelhinho. O que o faz trabalhar "tão" arduamente?

Coelho: – Minha tese de doutorado, seu lobo. É uma teoria que venho desenvolvendo há muito e prova que nós coelhos somos os grandes predadores naturais de vários animais carnívoros, inclusive dos lobos.

O lobo não se contém e farfalha em risos da petulância do coelhinho.

Lobo: – Ah ah ah ah!! Coelhinho! Apetitoso coelhinho! Isto é um despropósito. Nós os lobos é que somos os genuínos predadores naturais dos coelhos, aliás...

Coelho: – Desculpe-me, mas se você quiser eu posso te apresentar a minha prova experimental. Você gostaria de acompanhar-me à minha toca?

O lobo não consegue acreditar na sua boa sorte. Ambos desaparecem toca adentro. Alguns instantes depois ouvem-se uivos desesperados, agonizantes, ruídos de mastigação e... silêncio. Mais uma vez o coelho retorna sozinho, intacto, e volta ao árduo trabalho de redação da sua tese de doutorado, como se nada tivesse acontecido.

Dentro da toca do coelho vê-se uma enorme pilha de ossos ensangüentados e pelancas de diversas ex-raposas e, ao lado desta, outra pilha ainda maior de ossos e restos mortais daquilo que um dia foram lobos. Ao centro das duas pilhas de ossos vê-se um enorme leão, satisfeito, bem alimentado, sonolento, a palitar os dentes:

Moral da Estória:

  • Não importa quão absurdo é o tema de sua tese.
  • Não importa se você não tem o mínimo fundamento científico.
  • Não importa se os seus experimentos nunca provam a sua teoria.
  • Não importa nem mesmo se as suas idéias vão contra o mais óbvio do bom senso... que vale é quem é o seu orientador!!!