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quarta-feira, 30 de março de 2011

COMO MANTER SUA EQUIPE MOTIVADA

Em "Ring of Gyges", fábula da República, de Platão, o filósofo faz a seguinte pergunta: se um anel pudesse torná-lo invisível, você roubaria, enganaria ou até mataria? Ou você faria sempre a coisa certa, mesmo que ninguém nunca soubesse? Quem responde sim à primeira pergunta acredita que as pessoas são inerentemente corruptas e que só as leis, as recompensas e os castigos são capazes de manter as civilizações unidas. Também há os que acreditam na bondade e no zelo que são intrínsecos aos indivíduos. Para esses, as pessoas sempre vão fazer a coisa certa quando tiverem oportunidade de escolha.

Dessa dicotomia resultam diferentes sistemas e ambientes de gestão no local de trabalho. Um é cheio de regras, o outro, não. Ambos podem gerar bons resultados no curto e médio prazo, mas é o sistema de gestão baseado na visão mais generosa da natureza humana que sustenta uma organização e permite que ela cresça em uma era de mudanças constantes.

Presumindo que você compre esta idéia, no papel de líder é vital que você aja de maneira a atrair, entusiasmar, expandir e sustentar o espírito humano. Algumas pessoas se referem a esse aspecto da liderança como valores, outros chamam de cultura corporativa. Como líderes, criamos o ambiente onde as pessoas trabalham. Se for marcado por um clima de medo, elas serão avessas a assumir riscos. Se for de crítica, a confiança delas será minada. Mas, se você acredita que as pessoas trabalham melhor quando se confia na capacidade delas, então você tem que fomentar um ambiente que ofereça à sua equipe liberdade para dar o melhor de si.

Quais são as crenças mais importantes que poderão ajudá-lo a ter uma equipe com desempenho elevado e sustentável? Uma delas, fundamental, é a confiança. A confiança é cultivada estabelecendo-se limites dentro dos quais as pessoas têm certas liberdades (para tomar decisões, correr riscos, emitir opiniões) e também certos deveres (falar a verdade responsabilizar-se por suas decisões, aprender com os erros). Elas não conseguem ser produtivas quando são dominadas por regras, assim como nenhum fim é alcançado quando não existem limites e o caos reina.

Também é importante entender que pessoas têm sonhos de realização que precisam ser alimentados com a esperança. É notório que os profissionais crescem ainda mais com o reconhecimento que obtêm ao enfrentar trabalhos difíceis. Em um ambiente auspicioso, um líder tem de ser ao mesmo tempo realista e otimista. O realismo reconhece os fatos de uma situação, por mais desagradáveis que sejam. O otimismo dita que, frente aos fatos, continuemos a trabalhar para atingir nossas metas.

Torne também o ambiente agradável. As pessoas têm um desempenho máximo quando gostam do que fazem e com quem fazem. Não confunda prazer com frivolidade ou ausência de um trabalho desafiador. O real prazer no trabalho se manifesta quando você e sua equipe estão profundamente envolvidos na resolução de um problema e perseveram juntos. É possível dar o tom de prazer do trabalho demonstrando que você gosta do que faz, gosta da sua equipe e aprecia o esforço dela.

O último desafio é criar um ambiente onde as pessoas possam crescer. Profissionais com grande desempenho precisam aprender novas habilidades e desenvolver novas idéias para trabalhar em seus níveis máximos. Indivíduos que aprendem coisas novas trabalham com grupos de pessoas diferentes e têm a oportunidade de vivenciar papéis diferentes contribuem para uma organização mais rica.

Quando eu trabalhava na Frito-Lay, a PepsiCo - nossa controladora - adotava um sistema que promovia uma rotatividade de funcionários em áreas diferentes da empresa. Essa estratégia mantinha os profissionais motivados para apresentar níveis mais altos de desempenho. Como líder, você tem o poder de influenciar pessoas e, portanto, seu desempenho. Se você acredita em criar um ambiente onde confiança, otimismo, prazer e crescimento pessoal são incentivados, então você vai ter uma equipe com desempenho alto e sustentável ? e, nesse processo, gerar muitos líderes.

Autor: Charlie Feld é ex-CEO do Feld Group. Atualmente, ocupa o cargo de vice-presidente executivo de gestão de portfólio da EDS.

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