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quarta-feira, 30 de novembro de 2011

SE ARISTÓTELES FOSSE ADMINISTRADOR DA GENERAL MOTORS

No seu famoso texto, Política, Aristóteles interrogou-se sobre a natureza básica da vida humana em sociedade. Porque é que as pessoas vivem juntas? Que se passa quando seres humanos organizam e estruturam as suas atividades com outros seres humanos em vez de tentarem viver as suas vidas sozinhos? Aristóteles estava especialmente interessado em compreender o funcionamento da polis, a cidade-estado grega da sua época; mas, mais genericamente, queria compreender algo universal. Depois de pensar durante muito tempo na polis, concluiu que “A cidade  é uma parceria para viver bem.”

Meditemos sobre estas palavras durante alguns instantes. Por vezes não pensamos na cidade como um simples aglomerado de edifícios e pessoas? Talvez até a consideremos nada mais do que, basicamente, ruas e governo. Ou talvez vejamos a cidade como uma mera aglomeração de indivíduos, famílias e grupos que trabalham, amam, compram, vendem, roubam, matam, falam, gritam e... não. Há algo mais.

Aristóteles descobriu uma harmonia ideal entre a grande diversidade em todas as cidades, definindo-a como “uma parceria para viver bem”. Viu a cidade filosoficamente como uma colaboração, uma parceria criada com um objetivo, o objetivo de viver bem. Desenvolvimento humano. Excelência humana. Este é o objetivo fundamental da existência de cidades.

Uma cidade é, obviamente, um agrupamento organizado de pessoas, se bem que complexo, uma estrutura para a vida e o trabalho humanos. Isso parece-vos familiar? Onde é que encontramos pela primeira vez um grupo organizado de pessoas? Qual é a nossa primeira estrutura natural para viver e trabalhar? Evidentemente, é a família. Assim sendo, como é que devemos pensar nas nossas famílias? Acredito que uma perspectiva devidamente aristotélica diria que a família também é uma parceria para viver bem.

Bem, nesse caso o que dizer dos vizinhos? Também são uma parceria para viver bem? Porque não? Mas paremos de pensar nisto por instantes. Recordam-se da pergunta do meu filho Matt, “O Roo sabe que é um cão?” Acredito que nesta conjuntura da história humana cada um de nós tem de perguntar: “A minha família sabe que é uma parceria para viver bem?” “Os meus vizinhos sabem que são uma parceria para viver bem?” “A minha cidade considera-se uma parceria para viver bem?” Onde constatarmos que a resposta é não, podemos ter a certeza de que teremos problemas.

Agora, estamos preparados para voltar à nossa pergunta, “O que é o negócio?” Tal como uma família, vizinhos e até uma cidade, um negócio deveria ser encarado como uma parceria para viver bem. As relações de negócios de qualquer tipo deviam ser sempre consideradas parcerias para viver bem.

Um negócio não é antes de mais um edifício, ou um grupo de edifícios, com todo o equipamento que contêm, e não é essencialmente um conjunto de estruturas ou processos estruturais para providenciar um produto ou serviço. É uma parceria de pessoas que criam de muitas formas uma vida melhor para outras, bem como para si mesmas.

Assim, as estruturas dos negócios são algumas das nossas ferramentas mais básicas para uma vida com arte. É esta a beleza do negócio. A beleza do que ele pode ser e do que deveria ser. E é esta a arte do negócio: a arte de criar estruturas dentro das quais possam prosperar parcerias, parcerias para viver bem.

Se Aristóteles fosse administrador da General Motors, todos os funcionários da empresa pensariam nela como uma enorme parceria, englobando miríades de parcerias mais pequenas, com o objetivo de viver bem. Se fosse proprietário da mercearia da esquina, incutiria em todos os empregados a mesma forma de pensar. E se vos desse conselhos, creio que esta ideia seria fulcral: imaginem-se sempre a associarem-se a outras pessoas em parcerias para viver bem. Esta verdade extremamente genérica acerca da beleza profunda do negócio pode proporcionar-nos uma perspectiva importante em muitas decisões específicas que temos de tomar. Devíamos perguntar sempre a nós mesmos se o que pensamos fazer aumentará ou diminuirá esta função crucial do negócio no âmbito do nosso domínio ou influência. Estamos construindo parcerias para viver bem?

Ao desenvolver, manter, aperfeiçoar, ampliar e melhorar estruturas empresariais, seja em que escala for, proporcionamos às pessoas meios para descobrir, desenvolver e utilizar os seus talentos inatos. Ajudamos as pessoas que trabalham connosco a crescer. Até podemos ajudá-las a tornarem-se estrelas, e superestrelas, os Michael Jordan das vendas e das exportações, da contabilidade e do apoio ao cliente. E também podemos ajudar todos os que beneficiam das nossas atividades - os nossos fornecedores, os nossos clientes e as nossas comunidades - a crescer.
O que é, então, o negócio? O negócio é a arte do crescimento. O crescimento é a essência da vida. E assim surge rapidamente a nossa resposta. O negócio é a arte da vida.

Autor: Tom Morris – Autor do livro Se Aristóteles fosse administrador da general motors : a nova alma do negócio. 1ª ed. Alfragide : Dom Quixote, 2009. 318 p. – Biblioteca Pública Regional da Madeira, Portugal. Foi professor de Filosofia na Universidade de Notre Dame nos Estados Unidos durante quinze anos. É um dos oradores motivacionais mais populares e requisitados dos EUA. É autor de vários livros e presidente  do "Morris Institute for Human Values" em Wilmington, Carolina do Norte. 

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