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sábado, 4 de janeiro de 2014

TEMPOS MODERNOS

Em que momento da vida perdemos a noção do certo e do errado? Por que já não sentimos pelo próximo o respeito e a consideração que outrora procurávamos sentir? Será que a crueldade do mundo moderno nos tornou insensíveis, ou a nossa insensibilidade é que está tornando o mundo mais cruel?

Outra coisa que mudou em muito foram nossos valores morais. A ética, a moral e os bons costumes já não se fazem presentes na construção do caráter de todos os homens.

Hoje aquele que tenta ser correto em seus atos é visto como um tolo. Idolatra-se o errado, a ponto do correto vir a ser até motivo de descriminação e chacota. Ao entrarem no ônibus, trem ou metrô, ignoram-se os mais velhos, as gestantes, os deficientes físicos e as mães com seus filhos no colo; o importante é sentar.

Não pode se dar ao direito de abster-se de lutar contra essa troca de valores, ela é uma escola de líderes e como tal tem o dever de não prevaricar diante da batalha de criar um mundo melhor para a humanidade, como escreveu  Arnaldo Jabor em sua crônica Tempos Modernos:

Fui criado com princípios morais comuns:

Quando eu era pequeno, mães, pais, professores, avós, tios, vizinhos,
eram autoridades dignas de respeito e consideração. Quanto mais próximos ou mais velhos, mais afeto. Inimaginável responder de forma mal educada aos mais velhos, professores ou autoridades. Confiávamos nos adultos porque todos eram pais, mães ou familiares das crianças da nossa rua, do bairro, ou da cidade. Tínhamos medo apenas do escuro, dos sapos, dos filmes de terror… Hoje me deu uma tristeza infinita por tudo aquilo que perdemos. Por tudo o que meus netos um dia enfrentarão.

Pelo medo no olhar das crianças, dos jovens, dos velhos e dos adultos. Direitos humanos para criminosos, deveres ilimitados para cidadãos honestos. Não levar vantagem em tudo significa ser idiota. Pagar dívidas em dia é ser tonto. Anistia para corruptos e sonegadores. O que aconteceu conosco? Professores maltratados nas salas de aula, comerciantes ameaçados por traficantes, grades em nossas janelas e portas. Que valores são esses? Automóveis que valem mais que abraços, filhas querendo uma cirurgia como presente por passar de ano. Celulares nas mochilas de crianças. O que vais querer em troca de um abraço? A diversão vale mais que um diploma. Uma tela gigante vale mais que uma boa conversa. Mais vale uma maquiagem que um sorvete. Mais vale parecer do que ser. Quando foi que tudo desapareceu ou se tornou ridículo?

Quero arrancar as grades da minha janela para poder tocar as flores! Quero me sentar na varanda e dormir com a porta aberta nas noites de verão! Quero a honestidade como motivo de orgulho. Quero a vergonha na cara e a solidariedade. Quero a retidão de caráter, a cara limpa e o olhar olho-no-olho. Quero a esperança, a alegria, a confiança! Quero calar a boca de quem diz: “temos que estar ao nível de…”, ao falar de uma pessoa. Abaixo o “TER”, viva o “SER”. E viva o retorno da verdadeira vida, simples como a chuva, limpa como um céu de primavera, leve como a brisa da manhã!


E definitivamente bela, como cada amanhecer. Quero ter de volta o meu mundo simples e comum. Onde existam amor, solidariedade e fraternidade como bases. Vamos voltar a ser “gente”. Construir um mundo melhor, mais justo, mais humano, onde as pessoas respeitem as pessoas. Utopia? Quem sabe? Precisamos tentar. Quem sabe comecemos a caminhar transmitindo essa mensagem. Nossos filhos merecem e nossos netos certamente nos agradecerão!.

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